Resumo:
- 🚴 A Trilha Chico Mendes percorre cerca de 50 a 60 km na Amazônia acreana, passando por seringais históricos nos municípios de Brasiléia e Xapuri, em um roteiro de 5 dias que combina cicloturismo, natureza e cultura extrativista.
- 🌳 A experiência é uma imersão completa na floresta amazônica, com mata densa, rios, igarapés, cachoeiras e encontros com comunidades ribeirinhas, onde o visitante aprende sobre o legado de Chico Mendes e o modo de vida sustentável.
- 🛖 A estrutura é de turismo de base comunitária, com hospedagem simples nas casas dos moradores, refeições caseiras e vivências culturais. A melhor época para fazer a trilha é entre junho e setembro, durante a estação seca.
A Trilha Chico Mendes leva o ciclista ao coração da Amazônia acreana, através de um trajeto de cerca de 50 a 60 km pelos municípios de Brasiléia e Xapuri.
O percurso, tradicionalmente realizado em aproximadamente 5 dias, passa por seis seringais (seringueiras) – antigas fazendas de produção de borracha – onde vive uma rica comunidade de extrativistas.
Ao longo da pedalada, vivencia-se a história de luta de Chico Mendes (líder seringueiro e ambientalista homenageado pela trilha) e aprende-se sobre o modo de vida sustentável na floresta.
Pequenos rios, igarapés e até cachoeiras surgem no caminho, oferecendo paradas refrescantes na jornada.
Paisagem e bioma
Espere uma imersão total na Floresta Amazônica. A paisagem é marcada por mata tropical densa, árvores centenárias e seringueiras nativas.
O bioma amazônico impressiona pela biodiversidade – é comum avistar macacos, aves exóticas e uma flora exuberante a cada trecho.
Você passará por áreas de reserva extrativista sob o dossel da floresta, onde a luz do sol mal toca o chão.
Em alguns pontos, clareiras revelam comunidades ribeirinhas e roçados. O cheiro da mata, os sons dos pássaros e cigarras, e até lendas locais sobre seres da floresta compõem o cenário sensorial dessa trilha.
Nível de dificuldade e perfil de ciclista
O trajeto possui dificuldade moderada a difícil, recomendado para ciclistas já iniciados em mountain bike e prontos para encarar terrenos rústicos.
Não há grandes desníveis altimétricos, mas o desafio está no terreno acidentado, com trilhas de barro, trechos possivelmente alagadiços ou lamacentos (especialmente na época de chuvas) e travessia de igarapés.
O calor e a umidade amazônicos também elevam a exigência física. É ideal para o cicloturista aventureiro, disposto a pedalar curta distância por dia, mas em ritmo controlado, aproveitando cada parada.
Prepare-se para sujar os pneus na lama e, ocasionalmente, empurrar a bike em trechos mais fechados pela vegetação.
Estrutura de apoio da Trilha Chico Mendes
Este roteiro é um verdadeiro turismo de base comunitária. Não há hotéis ou restaurantes convencionais no meio da floresta – a hospedagem acontece nas casas dos seringueiros, onde os visitantes dormem em redários rústicos (redes) montados próximos às casas.
As comunidades acolhem os ciclistas com refeições caseiras simples e nutritivas, feitas de produtos locais (como galinha caipira, peixe fresco, mandioca, açaí e castanha-do-Brasil coletada na região).
Os pontos de descanso são combinados previamente: cada seringal costuma receber os viajantes ao final do dia de pedal.
Após o jantar, aproveite para ouvir os “causos” dos seringueiros, histórias sobre animais da mata e seres imaginários do folclore amazônico, contadas à luz de lamparinas.
É uma experiência muito além do pedal, que enriquece a viagem com intercâmbio cultural.
Importante: não há lojas ou mercados no percurso, portanto leve lanches de trilha e cuide do seu lixo (traga de volta tudo que levou).
Em caso de emergência, os moradores auxiliam, mas é recomendável estar em grupo ou com guia, pois a região é remota.
Como chegar e qual a melhor época para fazer a trilha
A porta de entrada para a trilha é a cidade de Xapuri (AC) ou Brasiléia. Saindo da capital Rio Branco, são cerca de 180 km por estrada até Xapuri.
Você pode buscar passagens de ônibus para Brasiléia ou viajar diretamente de ônibus para Xapuri!
Recomenda-se agendar a visita com antecedência via ICMBio/Reserva Extrativista Chico Mendes ou agências locais, que podem conectar você aos guias comunitários.
O transporte da bike pode ser feito em ônibus intermunicipais (verifique com a viação) ou em veículos particulares até o ponto inicial.
Melhor época: de junho a setembro, quando as chuvas na região diminuem. Nesse período seco, as trilhas estão mais transitáveis – no auge do inverno amazônico (dezembro a março) muitas picadas alagam e o barro profundo torna o avanço quase impossível.
Além disso, no verão amazônico (que corresponde justamente aos meses de junho-julho, ao contrário de outras regiões), há menos mosquitos. Ainda assim, esteja preparado para calor o ano inteiro, com máximas em torno de 30°C e umidade alta.
Equipamentos recomendados
Para encarar a Trilha Chico Mendes, opte por uma mountain bike robusta, com pneus de cravo largos e em bom estado (de preferência tubeless ou com selante, para evitar furos).
Leve kit de reparos completo (câmaras de ar extras, remendos, bomba, lubrificante de corrente, canivete multifunção) – você estará longe de oficinas.
Itens indispensáveis incluem:
- repelente potente (os insetos amazônicos são implacáveis!), protetor solar, óculos e capacete.
- roupas leves de manga longa e calça comprida são ideais (protegem do sol e de picadas de insetos ou arranhões de galhos).
- tenha uma capa de chuva ou anoraque leve, já que pancadas podem ocorrer mesmo na época seca.
- botas ou tênis de trilha que possam molhar (secagem rápida) são recomendados – evite calçados que demorem a secar.
- leve também purificador de água ou pastilhas de cloro, caso precise reabastecer de fontes naturais.
- uma lanterna de cabeça ajuda nas noites na comunidade.
- hammock ou saco de dormir leve pode ser útil, mas geralmente as redes são fornecidas pelos anfitriões; ainda assim, leve um liner ou canga para se cobrir, pois as madrugadas podem ser ligeiramente mais frescas.
- e não esqueça de carregar consigo um pequeno kit de primeiros socorros (antisséptico, bandagens, medicamentos pessoais, pomada para picadas).
Dicas culturais e extras
Esteja aberto para interagir com os moradores locais – essa é a maior riqueza do trajeto. Ao acompanhar o trabalho dos extrativistas, você poderá aprender como se extrai o látex da seringueira, ou como se colhe a castanha.
Valorize esse conhecimento tradicional e, se puder, compre algum produto local diretamente deles (como artesanato de borracha ou mel de abelha nativa) para fortalecer a economia da comunidade.
Visite Xapuri após a trilha: a cidade tem o Museu Casa Chico Mendes e monumentos que contam a história da luta dos seringueiros.
Lembre-se de que você estará numa reserva extrativista, portanto respeite as regras: não degrade a natureza, não deixe lixo e não perturbe os animais.
Tire um tempo à noite para olhar o céu – longe das luzes urbanas, a via Láctea brilha intensamente na Amazônia.
E aí, ficou com vontade de conhecer Trilha Chico Mendes? Então bora viajar!
Deixe um comentário
Posts Relacionados