Ofício das tacacazeiras, tacacá

Ofício das Tacacazeiras é reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil

Índice de Conteúdo
  1. Tradição amazônica ganha novo status e reforça o turismo gastronômico
  2. Uma tradição que atravessa séculos
  3. Da quitanda ao ponto fixo: a vida cotidiana das tacacazeiras
  4. Saber tradicional transmitido por mulheres
  5. Como se faz um tacacá? O ritual que começa no dia anterior
    1. 1. Tucupi
    2. 2. Camarão seco
    3. 3. Goma
  6. Reconhecimento municipal e celebrações em Belém
  7. Patrimônio Cultural do Brasil: o que significa na prática?
  8. Tacacá e turismo gastronômico: por que importa para viajantes?
    1. 🍲 Roteiros gastronômicos em Belém, Santarém e Manaus
    2. 👩‍🍳 Mulheres que preservam tradições
    3. 🧭 Experiência autêntica
  9. Uma vitória para a Amazônia, para o Brasil e para o turismo cultural

Resumo:

  • IPHAN reconhece o Ofício das Tacacazeiras como Patrimônio Cultural do Brasil, destacando saberes ancestrais amazônicos.
  • Tradição liderada majoritariamente por mulheres fortalece a culinária regional e o turismo gastronômico.
  • Plano de Salvaguarda garantirá melhorias em infraestrutura, empreendedorismo e divulgação cultural.

Tradição amazônica ganha novo status e reforça o turismo gastronômico

O Brasil acaba de registrar um marco histórico para a cultura e a gastronomia amazônica. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) oficializou o Ofício das Tacacazeiras da Região Norte como Patrimônio Cultural do Brasil, inscrevendo o saber-fazer no Livro dos Saberes.

A decisão reconhece o papel central das mulheres amazônicas na preservação de técnicas culinárias ancestrais e reforça o potencial do turismo gastronômico, especialmente no Norte do país.

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Muito mais do que um prato típico, o tacacá é uma expressão viva da identidade amazônica — e sua preparação é um ritual que atravessa séculos, histórias e gerações.

Ofício das tacacazeiras, tacacá
Tacacá / Fonte: Canva

Uma tradição que atravessa séculos

A prática das tacacazeiras é registrada pelo menos desde o século XIX na Região Norte do Brasil, sobretudo em Belém, onde ainda hoje elas ocupam esquinas, praças e pontos fixos servindo o tradicional tacacá em cuias fumegantes.

No entanto, a relação da Amazônia com esse alimento é ainda mais antiga:

  • No século XVIII, viajantes já descreviam o tacacá como alimento essencial para as populações nativas.
  • Na época, o preparo incluía ingredientes como formiga saúva e peixes como o matupiri, antes da popularização do camarão seco, hoje um dos componentes mais conhecidos.
  • Em meados do século XX, registros mostram que, nas áreas rurais do Pará, o tacacá podia ser servido até com camarão fresco ou peixe, quando o camarão seco faltava.

Essa evolução revela a força do intercâmbio cultural entre povos originários, africanos e europeus. Embora o tacacá tenha raízes indígenas, sua versão atual é fruto dessa mistura — sem perder sua base tradicional, nem seu vínculo profundo com a mandioca, o tucupi e o jambu.

Da quitanda ao ponto fixo: a vida cotidiana das tacacazeiras

Diferente de outros produtos amazônicos, o tacacá precisa ser consumido quente, o que impossibilita a venda por ambulantes em movimento.

Por isso, desde o final do século XIX, o prato era servido em quitandas — estabelecimentos urbanos que ofereciam bancos para que os clientes consumissem o tacacá na hora.

Com o tempo, as quitandas desapareceram, mas as tacacazeiras permaneceram:

  • Montavam bancas de rua em pontos fixos.
  • Tornaram-se figuras icônicas da paisagem urbana de Belém.
  • Foram retratadas em obras de arte, como nas telas de Andrelino Cotta (1954) e Antonieta Feio (1937), hoje preservadas no Museu de Arte de Belém.

Até hoje, “tomar tacacá no fim da tarde” é um ritual da vida paraense — tanto que filas se formam diariamente em bancas tradicionais, especialmente no centro de Belém.

Saber tradicional transmitido por mulheres

O ofício das tacacazeiras é um exemplo vivo de saber tradicional, um corpo de conhecimentos transmitido oralmente, moldado pelo modo de vida das comunidades e pelo relacionamento direto com a biodiversidade amazônica.

Segundo estudo realizado pela UFOPA:

  • 70% das profissionais são mulheres, muitas delas de meia-idade ou idosas.
  • A maior parte aprendeu a técnica com mães, avós ou sogras.
  • O trabalho sustenta famílias e preserva práticas centenárias.

Além de preparar o tacacá, essas mulheres preservam e renovam um intelecto coletivo — uma memória ancestral que vive na prática cotidiana.

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Tacacá / Canva

Como se faz um tacacá? O ritual que começa no dia anterior

A preparação do tacacá é um processo cuidadoso que exige horas de trabalho:

1. Tucupi

Extraído da mandioca brava, precisa ser fervido por horas para eliminar o veneno natural da planta. É o ingrediente mais demorado.

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2. Camarão seco

Lavado e fervido para retirar o excesso de sal.

3. Goma

Misturada e mexida constantemente até atingir o ponto viscoso perfeito.

Na hora de servir, a tacacazeira segue uma ordem precisa dentro da cuia:

  1. pimenta,
  2. tucupi,
  3. goma,
  4. jambú,
  5. camarão.

O cliente escolhe a quantidade de cada ingrediente — uma personalização que reforça a relação íntima entre cozinheira e freguês.

Reconhecimento municipal e celebrações em Belém

Antes do reconhecimento nacional pelo IPHAN, Belém já havia oficializado a importância do ofício:

  • 2013: Tacacazeiras reconhecidas como patrimônio cultural imaterial de Belém (Lei nº 8.979).
  • 2015: Realização do 1º Festival do Tacacá de Belém, organizado pela prefeitura e pela Astacom, celebrando a tradição na Praça dos Estivadores.

Esses movimentos pavimentaram o caminho para o reconhecimento nacional em 2025.

Patrimônio Cultural do Brasil: o que significa na prática?

Com a inscrição no Livro dos Saberes, o IPHAN vai implementar um Plano de Salvaguarda com cinco eixos:

  1. Gestão e empreendedorismo para fortalecer os negócios das tacacazeiras.
  2. Acesso a matérias-primas como mandioca, jambu e tucupi.
  3. Melhoria das condições de comercialização nas bancas de rua.
  4. Divulgação cultural e gastronômica, impulsionando o turismo.
  5. Direito à cidade, garantindo infraestrutura adequada nos pontos de venda.

A medida fortalece não só as profissionais, mas todo o ecossistema gastronômico amazônico.

Ofício das tacacazeiras
Tacacá / Fonte: Portal Gov

Tacacá e turismo gastronômico: por que importa para viajantes?

O tacacá é mais que comida — é um patrimônio vivo. E para quem viaja pelo Brasil com BlaBlaCar, esse reconhecimento abre portas para novas experiências:

🍲 Roteiros gastronômicos em Belém, Santarém e Manaus

Destinos onde o tacacá é protagonista e parte essencial da vida local.

👩‍🍳 Mulheres que preservam tradições

Conhecer as tacacazeiras é vivenciar a força da cultura amazônica.

🧭 Experiência autêntica

Perfeita para viajantes que buscam imersão cultural — e não só pontos turísticos.

Uma vitória para a Amazônia, para o Brasil e para o turismo cultural

O reconhecimento do Ofício das Tacacazeiras como Patrimônio Cultural do Brasil é a celebração de séculos de história, aprendizado intergeracional, resistência feminina e da rica biodiversidade amazônica.

É a prova de que comida é cultura — e também é viagem.

Com BlaBlaCar, o viajante pode explorar Belém, Manaus e toda a região Norte para provar o tacacá diretamente das mãos de quem mantém viva essa tradição.

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Isabella Calvano

Isabella Calvano

Wanderlust em pessoa! Amo explorar o mundo, conhecer novas pessoas e compartilhar dicas para inspirar quem também quer viver suas próprias aventuras viajando! ✨

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