IFC, do Banco Mundial, investe US$ 15 milhões na BlaBlaCar, como foco em expansão no Brasil

A International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial para o setor privado, assinou um acordo para investir US$ 15 milhões na startup francesa BlaBlaCar. O objetivo é fomentar o crescimento da plataforma de viagens compartilhadas no Brasil e apoiar a expansão do mercado de caronas e marketplace de passagens rodoviárias.
Nicolas Brusson, presidente e cofundador da BlaBlaCar, disse ao Valor que a parceria vai muito além do recurso aportado e tem o objetivo de incorporar o conhecimento da IFC sobre o mercado brasileiro.
"Começamos a conversa há um ano e a discussão se acelerou nos últimos seis meses. Entendemos bem o mercado da Europa e Estados Unidos, não outros mercados. O investimento da IFC para nós não é tanto o motivo da parceria. É mais o ponto estratégico para conseguirmos ter um impacto social que queremos", disse.
Com o aporte, a IFC terá cerca de 1% da Blablacar. O investimento da IFC está sujeito à aprovação dos acionistas da empresa, prevista para 23 de junho.
A IFC tem apoiado diversos projetos no Brasil em áreas como saneamento, energia e rodoviário - seja via aportes ou estruturação. O conhecimento do grupo, destacou Brusson, vai colaborar para o crescimento da empresa no mercado brasileiro.
A Blablacar foi fundada em 2006 na França e opera no Brasil desde 2015. Atualmente, tem cerca de 12 milhões de membros no país, o dobro do que os 6 milhões de antes da pandemia. Brusson destacou que depois do pior da pandemia, o setor passou a crescer. "Em 2020 e 2021 tivemos receita 40% abaixo do que em 2019. A menos que um desastre aconteça, vamos voltar a crescer neste ano", disse.
Desde março, o grupo já opera globalmente com receita 30% superior ao pré-crise. A estimativa é fechar 2022 com crescimento de 20% a 30% sobre 2019.
O empreendedor disse que depois da pandemia cresceu um desejo forte nas pessoas por viagens. A crise econômica global, acelerada pela guerra na Ucrânia e seus efeitos sobre os combustíveis, favoreceu ainda mais o compartilhamento de carros e o aplicativo de caronas.
No primeiro trimestre de 2022, a plataforma registrou uma média de 250 mil novos membros por mês por aqui. Desde 2020, a multinacional francesa também oferece passagens de ônibus via marketplace. Hoje, são oferecidas 12 mil rotas, por 125 empresas, e a previsão é aumentar para 300 o número de parceiros até o final de 2022.
"A digitalização dos transportes está criando novas oportunidades para as economias emergentes superarem a falta de infraestrutura física adequada", afirmou Makhtar Diop, diretor-gerente da IFC, em conversa com o Valor. O executivo defendeu ainda que o segmento tem uma pegada ecológica importante ao reduzir as emissões diante do compartilhamento de viagens de carro.
"O investimento da IFC vai apoiar a expansão da BlaBlaCar na América Latina e em outros mercados, além de refletir nosso compromisso de apoiar a adoção de modelos de negócio inovadores e ambientalmente sustentáveis nos mercados emergentes e aumentar o acesso a serviços de qualidade, particularmente entre mulheres, jovens e comunidades rurais", disse.
O Brasil tem o maior portfólio da IFC na América Latina e no Caribe e o quarto no mundo. No ano fiscal passado (entre julho de 2020 e junho de 2021), foram destinados US$ 2,85 bilhões para apoiar projetos do setor privado no por aqui.
No ano fiscal que se encerra neste mês, a estimativa é que a IFC novamente bata recorde ao fechar com investimento de US$ 3 bilhões no Brasil, disse Diop.
"Focamos em projetos para financiar a inclusão digital, questões de mudança climáticas e energia. O Brasil tem um programa muito forte em energia e atualmente já tem uma matriz muito verde na comparação com o restante do mundo", disse.
Ele destacou ainda as estruturações nas quais o grupo tem colaborado, como PPP (Parcerias Público-Privadas) que devem continuar ganhando força em áreas como saneamento.
Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/06/15/ifc-do-banco-mundial-investe-us-15-milhes-na-blablacar-como-foco-em-expanso-no-brasil.ghtml
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